O temperamento bovino e o impacto no bem-estar animal e humano 

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O temperamento bovino e o impacto no bem-estar animal e humano 

Assim como o ser humano, os bovinos também tem um tipo de temperamento. Já percebeu em manejos que alguns animais são mais reativos que outros e acabam dificultando o trabalho? Pois bem, o temperamento é individual e sofre influência do meio. Além disso, ele é de alta herdabilidade, ou seja, passa de pais para filhos. 

Um ponto importante é que, ao conhecer sobre como os bovinos agem, enxergam, sentem cheiro e como é a sua relação com o ambiente, é possível proporcionar, nas instalações e no manejo, recursos que promovam melhorias no bem-estar do rebanho. 

Bovinos são animais sociais e essa característica foi resultado da seleção natural em seus ancestrais. Eles sempre devem ser conduzidos em grupo, pois é bastante estressante para esse animal ser separado de seu grupo e, quando isolado, ele tende a mudar seu comportamento, suas reações, tornando-se mais agitado e agressivo. 

Como é a atividade sensorial dos bovinos?

Os bovinos são animais que dependem principalmente dos sentidos visão, olfato e audição para avaliar estímulos. Assim, eles podem responder a diferentes situações, como mudanças no ambiente e ameaças. Por exemplo: ao se depararem com um barulho repentino, a sua primeira reação é evitá-lo, ou seja, fugir. Após avaliar a situação, se não for perigosa, perderá o interesse. 

Visão

Com os olhos localizados nas laterais da cabeça, só veem com ambos os olhos numa estreita faixa à frente, onde têm a percepção de profundidade.

Se o bovino precisar ver algo claramente, é necessário que o objeto esteja diretamente à sua frente. É por esse motivo que viram ou abaixam a cabeça para encarar o manejador, objetos ou variações no ambiente.

A visão monocular é ampla e panorâmica. Nessa visão lateral, projetada por cada olho de forma independente, não há noção de profundidade. No entanto, o bovino consegue detectar movimentos, mesmo quando está pastando com a cabeça baixa, o que o ajuda a perceber a presença de predadores em seu ambiente natural.

Fica a dica: Há uma área cega diretamente atrás dos bovinos e uma pequena área logo à frente do focinho onde também não conseguem enxergar. Para otimizar o manejo, deve-se evitar a área cega para que os bovinos não se dispersem tentando localizar o manejador. 

Olfato

As vacas identificam seus bezerros pelo cheiro e os adultos continuarão a cheirar uns aos outros durante o comportamento social. A comunicação através do olfato é importante para a atividade sexual dos bovinos. Além disso, o olfato também contribui nas informações hierárquicas do grupo (dominância), onde há a liberação de feromônios de submissão de um subordinado para um dominante.

Em situações de tensão, pode haver liberação de feromônios pela urina ou saliva, alertando outros bovinos sobre a situação estressante em que se encontram. Se os demais responderem com medo a esses sinais, poderão dificultar o manejo. 

Audição e comunicação

Ao perceberam ruídos eles movem as orelhas procurando os barulhos de seu interesse e as posicionam no mesmo sentido do som, ainda que não virem a cabeça.

Pode-se perceber onde está o foco da atenção de um bovino pelo posicionamento de suas orelhas. Essa característica é facilmente percebida durante o manejo, quando os animais alternam a direção de suas orelhas entre a pessoa que os maneja e os demais animais do lote.

Há comprovação que os bovinos que evoluíram em ambientes abertos são aqueles que conseguiam visualizar facilmente os demais do grupo, sendo pouco utilizada a vocalização.

Normalmente, a vocalização dos bovinos está associada a eventos aversivos, como resposta ao bastão elétrico ou pressão excessiva no manejo. Por isso, monitorar a incidência de vocalizações nas instalações de manejo auxilia na detecção de problemas. 

Lembre-se:

Por isso, é fundamental que os funcionários que estão diretamente na lida com os animais tenham conhecimento sobre como é o comportamento dos bovinos para que estejam aptos a reconhecer sinais de estresse e dor para, assim, manejá-los de forma eficaz. Por meio de treinamentos e capacitações, os peões poderão observar melhor os lotes e reconhecer os indivíduos quanto ao seu temperamento para que isto seja respeitado durante um manejo no curral, por exemplo.

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