O temperamento bovino e o impacto no bem-estar animal e humano – parte 2 

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O temperamento bovino e o impacto no bem-estar animal e humano – parte 2 

Vimos anteriormente que os bovinos possuem um tipo de temperamento e este pode ser resultado da sua genética. No entanto, o comportamento dos animais não está atrelado somente à genealogia, pois também pode ser influenciado devido a forma com que o rebanho é manejado. Com isso, o efeito pode ser significativo a futuros fatores e situações que podem ser estressantes.

Em animais com temperamento arredio, o manejo rude pode ser ainda pior, se comparado com aqueles de temperamento mais calmo. Além de afetar a forma com que o bovino se comporta no grupo, a parte que gera interesse econômico ao produtor também acaba comprometida como o ganho de peso e a qualidade da carne produzida.

Hierarquia e dominância: a lei do mais forte prevalece

Os bovinos têm uma hierarquia de dominância dentro do grupo. Os criados em sistema à pasto tendem a formar grupos de vacas e bezerros. Já os touros, se juntam e formam pequenos grupos de machos, afastados das fêmeas.

A hierarquia é imposta por meio de disputas, sendo que a força e a agressão acabam sendo determinantes para estabelecê-la. Entretanto, a altura, o peso, a idade, o sexo, o temperamento e os chifres são fatores favoráveis para eleger um líder.

Quando a hierarquia de dominância é estabelecida, as brigas no rebanho reduzem de forma significativa e os animais em posição alta na hierarquia são os que conseguem melhor acesso à água, sombra e alimento. Nos confinamentos, a dominância ainda é mais nítida de ser observada, pois os recursos ficam restritos a um espaço único.

Com o tempo e a convivência, a ordem social pode mudar entre alguns animais no rebanho. Por exemplo: caso um animal dominante sofra algum tipo de lesão que o comprometa, logo perderá sua posição dentro do grupo e uma nova hierarquia se formará. 

Liderança x dominância

Há uma diferença entre dominância e liderança. Líder é aquele animal que é seguido ao ir ao bebedouro ou quando se deslocam à procura de sombra e área de pastagem.

Já os animais dominantes, são aqueles que afastam os demais que estão bebendo para que ele possa beber a água, por exemplo. 

Bovinos podem aprender uma nova rotina

Os bovinos têm boa memória de longo e curto prazo. É possível que eles consigam lembrar-se de fatos que ocorreram durante a criação e podem ser condicionados à rotina de manejo.

São capazes de aprender habilidades no meio em que vivem e podem ser treinados com recompensas. Por isso, a resposta do rebanho ao tipo de manejo está diretamente relacionada à forma como foram tratados na propriedade ao longo de suas vidas.

Por exemplo: animais que tiveram pouco contato com humanos nas propriedades ou que foram submetidos a um manejo aversivo terão reações de medo intenso e poderão dificultar o manejo no embarque, no transporte ou no frigorífico.

Por isso, os produtores devem sempre incentivar e investir em treinamentos para que haja mudança das práticas de trabalho, com a adoção do manejo racional, “sem gritos e sem correria”.

Com mais interações positivas entre os peões e o rebanho, é possível e acessível proporcionar melhor bem-estar animal e humano. 

Ambiente de criação influencia o comportamento

Você sabia que o ambiente de criação tem maior influência que a genética em relação ao comportamento dos bovinos?

Os animais criados em sistemas extensivos, independentemente da raça, tendem a ser mais reativos que os que foram criados em sistemas de confinamento. A falta de contato com humanos, muitas vezes, na fase inicial de criação tende a resultar em animais temerosos e agressivos em relação às pessoas.

No mais, os bovinos se habituam a procedimentos repetitivos não dolorosos, tais como pesagem.

Por isso, a necessidade de sempre investir em treinamentos para toda equipe é fundamental. Um time bem afinado, com os mesmos princípios, facilita as atividades do dia a dia e um bom manejo no curral contribui para habituação dos bovinos às pessoas, ao bem estar animal e humano e para uma pecuária cada vez mais rentável e sustentável! 

*Conteúdo adaptado do manual de Abate Humanitário de Bovinos – WSPA BRASIL – Sociedade Mundial de Proteção Animal

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