Planejar a alimentação do gado para enfrentar a seca é fundamental 

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Planejar a alimentação do gado para enfrentar a seca é fundamental 

Para as regiões que enfrentam a época de seca a partir de agora, ter um bom plano nutricional do gado para este período é mais que necessário. Pois é no inverno que o boi tende a perder peso e sanfonar, aquele tipo de animal que engorda nas chuvas e emagrece na seca. Mas o que o produtor deve fazer para evitar esta perda? Programar-se é a palavra-chave para que o pecuarista consiga minimizar o impacto da sazonalidade de chuvas.  

No Brasil, em média, 95% da carne bovina é produzida em regime de pastagens, cuja área total é de cerca de 167 milhões de hectares. Na seca, principalmente em fazendas onde não há forragem específica para o inverno, o gado costuma se alimentar dos brotos de pasto, prejudicando o desempenho tanto dos animais quanto da própria pastagem. 

Com uma estimativa do rebanho e da capacidade de produção de forragem dos pastos, é possível separar um pasto na época de chuvas para que o gado possa se alimentar dele na seca. É um método barato, mas exige do produtor um mínimo de planejamento para que o pasto fechado não falte antes e que o capim seja suficiente para alimentar o rebanho na ausência das chuvas.  

Se isso não for possível, e para não precisar comprar alimento produzido fora da propriedade, o pecuarista pode plantar cana, fazer silagem ou feno na própria fazenda. Esse procedimento também deve ser planejado com antecedência para que o alimento esteja pronto na época e na quantidade certas. 

O produtor precisa saber quantos animais alimentará na seca, qual seu peso aproximado para essa época e por quanto tempo deverá ficar sem chuvas, lembrando que cada UA (unidade animal, 450 kg de peso vivo) come cerca de 10 kg de matéria seca por dia. Com esses dados, é possível avaliar se é melhor reduzir o rebanho ou optar por uma das alternativas para produzir alimento.  

ILPF é alternativa eficaz

A integração lavoura pecuária floresta é uma alternativa bastante interessante. A técnica é de fácil aplicação e gera resultados importantes na produção de alimentos para o período de seca. Mesmo não sendo uma atividade de escolha do pecuarista, é possível trabalhar com parcerias, que se mostram um bom caminho de solução, possibilitando, além de alimento com alta qualidade na seca, um retorno financeiro e a recuperação da fertilidade da terra.  

O confinamento também pode ser usado como uma boa ferramenta para se ter comida no período da seca. Com a produção de silagem de milho no período das águas, o produtor pode utilizar a reserva de feno em pé para fazer o confinamento estratégico. Assim, a propriedade tem animais em terminação em período de entressafra. O confinamento também possibilita melhor distribuição da renda, garantindo a entrada de dinheiro em período que normalmente não entra.  

Vedação escalonada de pastagens

Outra técnica que pode ser uma excelente aliada para se preparar para a seca é a vedação de parte das pastagens no início de fevereiro. A técnica permite que o alimento cresça até a época das secas, deixando uma boa reserva para o gado se alimentar quando os pastos estiverem fracos. A vedação, realizada nos meses de fevereiro e março, garante que o volumoso seja o mais nutritivo possível durante os meses de seca. 

A técnica do “feno em pé” consiste em deixar o capim alto se desidratar naturalmente no campo. Então, o pasto é vedado em duas ocasiões para evitar que chegue muito fibroso com baixa qualidade nutricional em julho. O escalonamento - uma vedação em fevereiro e outra em março – permite que se combine quantidade e qualidade do volumoso, garantindo pelo menos a manutenção dos animais na seca. 

Antes da vedação, é preciso fazer também um pastejo pesado na área separada. O fechamento da pastagem deve ser feito com solo úmido e adubado com ureia (100 kg/ha). O terço fechado em fevereiro deverá ser aberto em maio e pastejado por 75 dias até o final de julho. Os dois terços restantes deverão ficar também por 75 dias, a partir do fim de julho, até o fim das secas. Para essa técnica, deve-se usar braquiária decumbens, xaraés, marandu, piatã e tifton. Já os capins mombaça, tanzânia e andropogon devem ser evitados porque formam muito talos, que não são comidos pelo gado. 

Pastejamento em excesso 

Sem um planejamento, a propriedade acaba sofrendo durante todo o ano porque assim que as chuvas recomeçam surge o problema de pastejamento em excesso. Com fome, o gado come o capim assim que ele nasce, logo nos primeiros brotos. O capim enfraquece e o gado deixa de aproveitar todos os nutrientes que ele poderia oferecer. Fraco, o capim acaba demorando em nascer novamente e perde espaço para ervas daninhas e para a degradação do solo. 

Com planejamento, é possível manter o valor nutritivo do pasto durante as chuvas! O gado aproveita o pasto sem degradá-lo e, na próxima estação da seca, consegue-se evitar o efeito boi sanfona na propriedade. 

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