Sucessão familiar: como lidar com o tema na pecuária 

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Sucessão familiar: como lidar com o tema na pecuária 

Sucessão familiar é um dos assuntos mais recorrentes na atividade pecuária. O período de transição pode ser bastante delicado e mudar os planos de futuro dos negócios.  Na Fazenda Sonho Azul, localizada na zona rural de Poxoréu (MT), o médico-veterinário com especialização em biotecnologia da reprodução de bovinos, Fabiano Ricardo Ávila de Campos, enfrentou um pouco de resistência no início da sucessão familiar quando assumiu a gestão da propriedade. Mas, pouco tempo depois, conseguiu tirar de letra e superar os desafios. Ele fez da atividade pecuária, antes secundária da família, decolar e virar sua principal fonte de renda. 

Paixão pela pecuária

A sucessão familiar está enraizada na história da família. A Fazenda Sonho Azul foi adquirida há 15 anos pelo pai de Fabiano, o médico Cléo Renato Santos de Campo. O objetivo principal era dar sequência ao trabalho pecuário já iniciado em outra propriedade, em Campo Verde (MT), atualmente arrendada para a lavoura.

“A Fazenda Sonho Azul foi comprada pelo meu pai e quem gerenciava no início era meu avô. Ele é gaúcho e veio par ao Mato Grosso em 1970. Três anos depois ele resolveu investir e comprar uma área. Foi quando começou a ser médico e pecuarista. Devido à medicina sempre tomar muito tempo ele não teve como se dedicar exclusivamente à Fazenda”, relembra.

O médico-veterinário é o caçula de quatro irmãos e o único que teve o interesse pela atividade pecuária desde criança. “Sempre fui apaixonado pelo ambiente rural. Ajudava os peões a tirar leite, se o tratorista ia fazer algum serviço estava junto. Sempre participei dos processos produtivos da fazenda”, relata.

Já adolescente, foi em busca de capacitação para fazer do seu local de lazer uma empresa altamente produtiva. “Terminei a oitava série e fiz o curso técnico em Agropecuária. Eu não queria ser reconhecido apenas como o filho do dono da fazenda e sim como profissional, alguém capacitado tecnicamente para administrar o local como um negócio”, ressalta.

Ao concluir o ensino técnico, Fabiano participou de um intercambio no Canadá, onde vivenciou o dia a dia da pecuária e estagiou num hospital veterinário. “Busquei experiências diferentes do que estamos acostumados a ver na nossa pecuária. Ao retornar ao Brasil, comecei a cursar medicina veterinária. Foi onde busquei os conhecimentos para conseguir de fato chegar à fazenda e resolver os problemas que encontrávamos no dia a dia da propriedade”, relata.

 

Gestão de dados é fundamental na pecuária

Com um plantel de 1.300 animais, a propriedade está focada numa produtividade sustentável e atua com cria, recria e engorda de bovinos. “Aplicamos o que temos de tecnologia disponível no mercado para podermos atender a uma demanda de carnes de qualidade e sempre respeitando o meio ambiente, produzindo com muita responsabilidade”, afirma.

Mas, nem sempre foi assim. Quando assumiu a propriedade, não havia uma gestão efetiva de dados e a primeira coisa que Fabiano fez foi tomar medidas simples, mas efetivas para a mensuração de resultados. Um delas foi enumerar os pastos e dividir em pequenos piquetes. “Quando vim morar na propriedade a primeira coisa que eu trouxe foi meu computador. Na época, os pastos eram muito grandes e comecei a dividir em piquetes. Não tínhamos uma numeração desses pastos e usávamos nomes como: pasto da lagoa, pasto do pé de limão, pasto de cima ou pasto de baixo. Uma das medidas foi numerar esses locais para facilitar. Hoje, temos 23 pastos numerados”, conta.

O mesmo ele fez com o gado. Todos os animais passaram a serem identificados e, posteriormente esses dados foram inseridos em planilhas e num software de gestão de rebanho. “A partir daí pudemos ter um controle total do rebanho da fazenda, do manejo sanitário, da pesagem e nascimentos”, revela.

Inclusive a nutrição animal, atualmente, também é gerida desta forma. “Temos uma ficha controle em cima de cada cocho e o vaqueiro anota as datas que ele salgou. Assim também é feito com cada saco de sal tirado do depósito. Tudo isso é anotado. A partir daí, são gerados dados importantes para podermos saber qual está sendo o custo da mineralização em cada lote da fazenda, quanto está sendo gasto em nutrição e qual valor por animal”, conta.

Uma dica dada por Fabiano é para que o produtor saia dos “achismos” e se aprimore para alcançar resultados melhores, identificando onde está o gargalo da fazenda.  “A pecuária moderna não se faz com ‘achismo’. Nós precisamos saber qual é o consumo do animal de forma precisa e qual seu ganho de peso para sabermos em qual área precisamos melhorar. E o software de gestão pecuária é como se fosse meu terceiro funcionário na fazenda. É ele quem vai me passar todas as planilhas para termos as tomadas de decisão dentro da gestão da propriedade. Acredito que a tecnologia quando bem empregada vem a somar e é uma ferramenta a mais que o pecuarista tem dentro da propriedade”, enfatiza. 

Futuro das próximas gerações

“Essa paixão veio desde a minha infância, passou minha juventude e a cada dia vem aumentando. Espero que essa sucessão continue com meus filhos, netos e bisnetos. Que eu consiga passar todo esse amor pela terra, por produzir carne de qualidade e em matar a fome do mundo”, finaliza.

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